O programa Novo Mercado de Gás, lançado ontem no Palácio do Planalto, tem potencial para reduzir o custo do insumo à metade em dois ou três anos. Mais do que baratear o combustível, o plano pretende promover a reindustrialização do país, aumentando a competitividade e participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB). Pelo menos foi isso que prometeram os ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Economia, Paulo Guedes, após a cerimônia de assinatura do decreto que instituiu o Comitê de Monitoramento da Abertura do Mercado de Gás Natural (CMGN).
Foto: Antônio Cruz
Antes de usar a caneta, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil começa a dar certo, porque ele teve a liberdade de escolher pessoas competentes e patriotas para estarem ao seu lado. Bolsonaro ressaltou a sinergia entre os órgãos que confeccionaram o programa com objetivo de promover a abertura do mercado de gás no país. “Eu tenho confiança em nós.”
Albuquerque ressaltou que, atualmente, o preço do gás natural do Brasil é o mais caro em relação ao G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo). “Nos Estados Unidos, custa US$ 3,13 por milhão de BTU (unidade internacional do produto). Aqui está acima de US$ 10”, comparou. O titular do MME, no entanto, não soube precisar quando a redução vai ocorrer. “É muito difícil dizer em quanto tempo os preços vão cair. O que sabemos é que já estão caindo. Ao longo de dois, três, quatro anos, há expectativa de redução de até 50% da molécula do gás natural”, disse.
Segundo o ministro, uma das propostas é fazer uso do gás para o desenvolvimento do país. “Vai atender não só o transporte, com veicular (GNV), como a geração de energia a um custo mais barato. Hoje o GNV representa 2% a 3% (na matriz de combustíveis veiculares). Isso vai ser incrementado, mas, evidentemente, não é para hoje”, afirmou.
Albuquerque destacou que também está em estudo o fracionamento do gás de cozinha (GLP). “Faremos uma resolução na reunião prevista para o fim de agosto do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) sobre isso”, antecipou. Com o fracionamento, o consumidor poderá encher o seu botijão de gás como faz com o tanque do carro. “Hoje custa R$ 75. A ideia é chegar no posto de abastecimento e pedir para abastecer com R$ 20, R$ 30”, disse, sem, contudo, falar sobre queda no preço do GLP.
O ministro Paulo Guedes ressaltou a importância do programa para o setor industrial “Nós vamos reindustrializar a economia brasileira. A indústria sofreu, nos últimos 15 anos, 20 anos, um encolhimento da sua participação no Produto Interno Bruto (PIB), de 21% para 10%. Isso por excesso de impostos e altos custos. Estamos atacando um componente básico que é a energia cara”, assinalou. Segundo ele, se o valor do gás cair 40%, o governo estima uma possível reindustrialização que pode chegar a até 8% do PIB em 10 anos.
“A garantia de que haverá oferta abundante e contínua e preços competitivos para o gás natural é crucial para os investimentos em diversos segmentos industriais”, avaliou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em exercício, Glauco Côrte.
Para Rebecca Maduro, sócia do L.O. Baptista Advogados e especialista em gás, a abertura vai garantir competitividade às empresas eletrointensivas. “A ideia é fornecer a um custo menor para esse segmento e para o consumidor final e criar uma demanda para o gás, que hoje é muito pequena”, disse.
Via: Diário de Pernambuco
Por: Simone Novaes