quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Dezembro Vermelho: Os novos desafios da luta contra o HIV/Aids durante a pandemia

Foto: ONG Gestos/Divulgação


O ano de 1981 foi marcado pelos primeiros registros do que seria uma epidemia duradoura, que segue representando muitos desafios à saúde mundial. Cinco jovens que viviam em Los Angeles, nos EUA, foram diagnosticados como Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e, posteriormente, com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Seria o começo da proliferação da doença e da incansável busca por uma cura. Atrelada a batalha na área da saúde, a luta também se expande ao combate contra o preconceito e a desinformação.  


Quarenta anos depois, organizações não-governamentais tententam manter e adaptar o atendimento à população soropositiva, em meio às dificuldades adicionais geradas pela pandemia da Covid-19. A Gestos, no bairro da Boa Vista, já oferecia cuidados psicológicos, jurídicos e sociais, mas precisou implementar a distribuição de alimentos. Cerca de 200 pessoas frequentam o espaço em busca de apoio para conviver com o vírus e a doença, que têm seu dia de combate lembrado hoje. 

“O atendimento na pandemia é um grande desafio. A gente já vivia um período de degradação dos cuidados sociais no país. Vimos pessoas que já tinham se aposentado, por não apresentarem condições de trabalhar, perderem seus benefícios. Agora estamos num processo preocupante de garantir a sobrevivência daqueles que frequentavam o espaço e continuar ofertando os outros serviços gratuitos”, destaca Juliana César, assessora de projetos da Gestos.

Desde a consolidação da epidemia, de acordo coma Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Brasil se tornou referência mundial no tratamento da doença. O país foi o primeiro, por exemplo, agarantir o acesso a antirretrovirais – medicamentos que inibem a multiplicação do vírus.

Em meio a um cenário incerto, estabelecido pela chegada do coronavírus, Juliana conta
que organizações como a Gestos precisaram reestruturar as atividades. “Conseguimos aprovar projetos de fundosemergenciais para distribuir cestas básicas e auxílio financeiro. Tivemos que reprogramar as nossas ações para que fossem realizadas à distância, da forma que as pessoas pudessem e no horário que estivessemdisponíveis, contanto
que elas não deixassem de receber o atendimento”, diz.

“Tivemos que fazeruma reestruturação no atendimento por causa da demanda, principalmente psicológica. Foi muito comum recebermos pedidos de ajuda de pessoas que não estavam se sentindo acolhidas na própria casa, por exemplo”, exemplifica Juliana.

O trabalho da ONG foi fundamental para que Sônia Cavalcanti Borba, de 60 anos, acreditasse em uma mudança de vida. Ela descobriu que vivia com o HIV em 2007 e, desde então, recebeu o apoio para continuar o tratamento e encorajar outras pessoas a seguir em frente.

“Eu descobri quando tinha 46 anos. Passei um ano chorando, sem querer saber de nada, sem estímulo. Eu não tinha informações sobre o vírus, não sabia nada.
Foi quando eu conheci, em 2012, a ONG Gestos e aí comecei a participar do grupo de ativismo. Estou completando nove anos de casa, e chamo de casa porque foi umlugar que me acolheu como um lar. Hoje informo as pessoas que ninguém é contaminado
com um aperto de mão, ou comum abraço, um beijo”.

Para contribuir com a Gestos, através de doações, os interessados podem entrar em contato com a organização pelo Instagram @gestospe.

Testagem gratuita e combate à desinformação
Neste Dia Mundial de Luta Contra a Aids, a Secretaria Estadual de Saúde ofertará testes rápidos de HIV e hepatites B e C na Praça do Viaduto GeraldoMelo, em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes, dentro do projeto Prevenção para Tod@s. As testagens serão feitas a partir das 8h até as 11h30, garantindo todo o sigilo do atendimento, sem a necessidade de agendamento prévio.

O objetivo da ação é acolher o público e fazer a detecção de possíveis casos positivos daqueles indivíduos que evitaram procurar os serviços de saúde por causa das restrições provocadas nos períodos mais críticos da pandemia da Covid-19. Com isso, será possível ofertar a linha de cuidado necessária para o tratamento de cada paciente.

A Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife promove, ao longo deste mês, uma série de ações de saúde, intervenções culturais, palestras e iluminação de equipamentos públicos na campanha Dezembro Vermelho. Este ano, as atividades de conscientização sobre a prevenção à Aids/HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) serão balizadas pelo tema “Sem Estigma, SemDiscriminação , mas com Saúde”.

Na abertura da Campanha, às 9h de hoje, uma árvore será plantada no Pátio de SantaCruz, na Boa Vista. A iniciativa é uma homenagemaos 40 anos desde que foi identificado o primeiro caso de Aids/HIV no mundo.
Via: Diario de Pernambuco


Simone Novaes

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