No exame do ano
passado, 0,08% das redações foram anuladas por trechos de desrespeito.
Desde 1998, quando foi criado, o Enem exige que os candidatos respeitem os direitos humanos na prova de redação (Foto: Arquivo/G1)
Ministério da Educação (MEC) informou ter
recebido nesta quinta-feira (2) a decisão judicial que impede nota zero para o
estudante que desrespeitar os direitos humanos na redação do Exame Nacional do
Ensindo Médio (Enem).
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep),
responsável pela aplicação da prova, disse que vai recorrer.
A decisão provisória da Justiça
Federal proíbe que seja automaticamente zerada a prova que tiver desrespeito
aos direitos humanos. Entretanto, o autor
também não vai conseguir tirar a nota máxima.
Na semana passada, uma decisão do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) suspendeu
um trecho do edital do Enem que determinava a anulação da
prova que incluísse trechos com desrespeito aos direitos humanos em qualquer
parte da redação.
Entretanto, outro trecho do edital
ainda mantém como regra que a "proposta de intervenção" respeite os
direitos humanos. A proposta de intervenção é uma das cinco competências
exigidas dos alunos, e cada uma delas vale 200 pontos. Ao desrespeitar os direitos
humanos ao escrever sobre o problema proposto, o candidato vai tirar zero
apenas neste item e poderá, no máximo, tirar nota 800 na redação.
Maria Inês Fini, presidente do Inep,
explicou que o Enem pede que a redação siga os direitos humanos desde 1998,
quando foi aplicada a primeira edição, e que essa regra foi "celebrada
durante muitos anos" pelos especialistas da área. Ele pediu que os
candidatos "não só reflitam no texto os direitos humanos, mas na
vida".
Ainda valem nota zero automática a
presença de impropérios e a inclusão de trechos desconectados no texto, que há
alguns anos rendia apenas desconto na nota, pela fuga parcial do tema, mas
desde 2013 rende a nota zero para desincentivar que os estudantes pratiquem
deboche.
Anulações em 2016
Das quase 5,9
milhões de redações anuladas no ano passado, 0,08%
levaram zero por esse motivo. Segundo dados do Inep, 4.798
é o número exato de candidatos que defenderam ideias contrárias aos direitos
humanos ao abordar o problema da intolerância religiosa e, por causa disso,
tiveram a prova anulada.
No total, 5.881.213 provas de
redação do Enem 2016 passaram pela correção. Dessas, 291.806 acabaram com a
nota zero por uma série de motivos, a grande maioria (70,6% dos casos) porque o
candidato ou não compareceu para fazer a prova, ou compareceu, mas deixou a
redação em branco. O segundo principal motivo para a nota zero no Enem 2016 foi
a fuga ao tema, que representou 16% dos casos. Veja no gráfico abaixo:
Motivos para tirar nota zero na redação
Das 291.806 provas que zeraram no ano passado, só
4.798 tiveram como razão o desrespeitos aos direitos humanos
Fonte:
MEC/Inep
Por: Simone Novaes
Blog: Fique por Dentro