Trabalho de
análise dos excrementos do morcego-vampiro-de-perna-peluda conquistou a
categoria de Nutrição do Ig Nobel, anunciado na quinta (14).
Ganhadores da categoria Nutrição do Ig Nobel, paródia do prêmio Nobel que
consagra trabalhos científicos que “fazem rir, depois fazem pensar”,
os pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Fernanda Ito,
Enrico Bernard e Rodrigo Torres conquistaram o título com um trabalho que
buscou respostas, literalmente, nas fezes. A ideia deles foi analisar qual o
cardápio do morcego-vampiro-de-perna-peluda, por meio dos excrementos do
animal.
De acordo com Bernard, a pesquisa
foi iniciada em 2014, no Vale do Catimbau, em Buíque, no Agreste de Pernambuco,
como parte do projeto de conclusão de curso de Fernanda. “Essa espécie de
morcego é rara e se alimenta de sangue de aves. Como no local não há mais aves
de grande porte, a ideia foi pesquisar o que o bicho estava comendo”, explica o
professor. O resultado demonstrou que o animal se alimentava de sangue humano e
de galinhas.
Publicado no fim de 2016, o artigo
ganhou repercussão no início de 2017. “Em maio, o pessoal do prêmio entrou em
contato comigo e eu morri de rir. Não pudemos comparecer à cerimônia, mas
mandamos um vídeo em agradecimento”, conta.
Professor da UFPE, Bernard afirmou
já usar exemplos do Ig Nobel para os alunos, mas não imaginava que seria
ganhador do prêmio. “Eu usava nas aulas para exemplificar as pesquisas
engraçadas para mostrar que tudo começa com uma pergunta, mas agora eu me
tornei um ganhador”, conta. O título, segundo o acadêmico, vai ser ostentado
com orgulho nas aulas e até mesmo na assinatura eletrônica dos e-mails.
“Essa é uma forma de mostrar que a
ciência não é sisuda. Às vezes, somos acusados de falar uma língua que ninguém
entende, mas qualquer oportunidade de fazer uma ampla divulgação do nosso
trabalho é bem-vinda”, afirma, ao elogiar o potencial do Ignobel para atingir
públicos que não são familiarizados com o mundo científico.
“Um monte de gente que nunca iria ler um artigo
científico numa revista indexada vai ler a partir do prêmio. É um excelente
veículo de comunicação”, comenta o professor, que alerta para a mensagem
deixada pelo artigo. “É uma pesquisa que atenta para o processo de defaunação
que acontece na caatinga de Pernambuco, porque as
aves silvestres estão sumindo de lá”, alerta.
Fonte: G1Por: Simone Novaes
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