Às vésperas do último leilão de petróleo de 2018 e a duas semanas das eleições, o preço do barril do tipo brent ultrapassou US$ 80 e atingiu o maior patamar em quase quatro anos, desde novembro de 2014. Para os especialistas, a cotação em alta, impulsionada pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de não aumentar a produção, deve aumentar o interesse pelos quatro blocos que serão ofertados na próxima sexta-feira, na 5ª Rodada de Partilha do Pré-sal. O quadro eleitoral, com crescimento do candidato do PT, Fernando Haddad, também pode pesar na decisão das empresas interessadas, que enxergam nesse leilão uma última oportunidade de entrar no pré-sal.
(Foto: Arquivo/ Agência Brasil)
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estipulou bônus de assinatura de R$ 6,82 bilhões, na soma dos quatro blocos (veja quadro), mas o governo estima que, caso todos sejam arrecadados, royalties, participações e impostos, ao longo dos 35 anos de contrato, devem representar R$ 180 bilhões. Doze empresas de vários países, entre eles, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Noruega, França e China, estão qualificadas.
Para o especialista em infraestrutura Miguel Neto, sócio sênior do Miguel Neto Advogados, diante de todas as incertezas no Brasil, com o risco de um novo governo entrar e mudar as regras, 12 empresas “é um sucesso que não se esperava”. “Não acredito que as 12 vão fazer ofertas, mas acho que haverá disputa. A alta do barril do petróleo ajuda, mas é só um elemento. A chance de fazer investimento sem a participação da Petrobras e a redução de exigência de conteúdo nacional também aumentam o apetite dos investidores”, afirmou.
A estatal brasileira exerceu o direito de preferência no bloco do Sudoeste de Tartagura Verde por questões logísticas, explicou João Santana, advogado e especialista em gestão de infraestrutura. Isso porque a Petrobras opera na Bacia de Campos. “São 12 grandes petroleiras e acredito que todas vão brigar nas rodadas. O governo deve atingir arrecadação de mais de R$ 6 bilhões”, destacou.
Na opinião de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o leilão vai ser um sucesso. “Agora, o tamanho desse sucesso ainda é incerto. As empresas estão vivendo um momento de escolhas difíceis. Se acham que o Haddad vai ganhar, vão com mais apetite, porque pode ser, teoricamente, a última oportunidade de comprar poços. Isso deve elevar bem o ágio”, disse. Porém, Pires destacou que o outro cenário é as empresas não entrarem com tanta força para apostar no leilão de cessão onerosa. “São mais de 7 bilhões de barris de reserva nas melhores áreas”, lembrou. O certame da cessão onerosa ficou para 2019.
Para João Santana, o petróleo é uma commodity cujos investimentos têm tradição de acompanhar oscilações políticas. “As companhias exploram em lugares nada tranquilos. Claro que levam em conta a qualidade política de cada local, mas não acho que o quadro eleitoral seja preponderante”, avaliou. Além disso, o especialista ressaltou que o conceito da cessão onerosa foi criado pelo PT. “Ninguém está acelerando compra por isso. O leilão vai ser bastante tranquilo”, estimou.
Via: Diário de Pernambuco
Por: Simone Novaes