quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Confira quem são os principais ministros do governo Bolsonaro


O governo do presidente Jair Bolsonaro, empossado em 1º de janeiro, tem 22 ministros, sete a menos que o de Michel Temer. Compõem o novo gabinete apenas duas mulheres, sete militares e nenhum negro em um país com ampla população afrodescendente. 

Foto:Nelson Almeida

Entre os nomes convocados pelo capitão da reserva de extrema direita destacam-se Paulo Guedes, um "Chicago boy" que buscará reduzir os déficits e reativar a economia; o general Augusto Heleno, seu mentor político; e o juiz Sérgio Moro, chave na Operação 'Lava-Jato' de combate à corrupção, à frente do superministério da Justiça e Segurança Pública. 

A chancelaria estará nas mãos do embaixador Ernesto Araújo, que se autodenomina um "antiglobalista" e admirador fervoroso do presidente americano, Donald Trump; enquanto para o ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos foi escalada Damares Alves, pastora evangélica para quem as mulheres nascem para exercer a maternidade.

- Paulo Guedes, o 'Posto Ipiranga'
Em sua campanha, Bolsonaro disse não entender de economia, uma tarefa que recairá principalmente em Paulo Guedes, um economista de 69 anos, formado na Universidade de Chicago, berço da escola neoliberal. 

Guedes será um superministro, com a fusão das pastas da Fazenda, do Planejamento e do Desenvolvimento e Comércio Exterior em um único gabinete. 

Após a vitória de Bolsonaro, Guedes anunciou a intenção de mudar o modelo econômico social-democrata, mediante um programa acelerado de privatizações e controle dos gastos públicos, como receita para reativar a economia de um país que passou por dois anos de recessão e outros dois de fraco crescimento. 

- Sérgio Moro, o juiz 'anticorrupção'
O juiz Sérgio Moro, nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública, chega como uma das figuras mais populares do governo Bolsonaro. 

O magistrado, de 46 anos, ganhou fama ao comandar de sua corte de primeira instância, em Curitiba, a 'Lava Jato', que levou ao banco dos réus e condenou a longas penas de prisão dezenas de personalidades consideradas até então intocáveis do mundo empresarial e político no país. 

Sentenciou à prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), que teve a pena aumentada em janeiro de 2018 pelo TRF4, uma corte de segunda instância. Desde abril, Lula cumpre sentença de 12 anos e um mês de prisão em Curitiba por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 

A entrada de Moro no governo Bolsonaro gerou questionamentos sobre sua neutralidade como juiz ao deixar fora da disputa presidencial Lula, que superava Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. 

Apesar da aparente boa relação entre ambos, com suspeitas de corrupção batendo às portas do entorno de Bolsonaro mesmo antes da posse, Moro pode se confrontar com uma encruzilhada.  

Resta ver como o presidente e seu ministro resolverão divergências em temas considerados bandeiras de campanha, como a flexibilização da posse de armas e a caracterização de movimentos sociais como "terroristas". 

- Onyx Lorenzoni, o regente da orquestra política
Deputado desde 2003, Onyx Lorenzoni, de 64 anos, é considerado o cérebro da campanha de Bolsonaro. É membro do Democratas (DEM) e reconhecido por suas iniciativas anticorrupção. 

Será agora ministro-chefe da Casa Civil, encarregado de compensar a falta de experiência da maior parte de seus colegas nos bastidores da política brasileira.

- Augusto Heleno, o general modelo
O general da reserva Augusto Heleno Ribeiro, de 70 anos, tem a admiração de Bolsonaro. Foi seu instrutor na escola militar nos anos 1970 e ganhou visibilidade no início da década de 2000 como o primeiro comandante-em-chefe da Missão da ONU no Haiti (Minustah). 

Foi mencionado como possível ministro da Defesa, mas ficará à frente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a cargo dos trabalhos de Inteligência em um escritório instalado dentro do Palácio do Planalto, sede do Executivo. 

Heleno poderia ter sido vice de Bolsonaro, mas o Partido Republicano Progressista (PRP), do qual faz parte, declinou a proposta. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em abril de 2017, Bolsonaro disse que se fosse eleito presidente, seu ex-instrutor poderia ter o cargo que quisesse. 

- Ernesto Araújo, o fã de Trump
O embaixador Ernesto Araújo, admirador declarado do presidente americano Donald Trump, destoa no Itamaraty, impregnado pela tradição do multilateralismo. 

Araújo, de 51 anos, considera que Trump "pode salvar o Ocidente", afirma que as mudanças climáticas fazem parte de um "complô marxista" e denuncia "a globalização econômica, que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural".  

Durante sua gestão, tentará adaptar o lema de Trump, "os Estados Unidos primeiro" ao "Brasil primeiro". 

- Damares Alves, a pastora anti-aborto
A advogada e pastora evangélica Damares Alves ocupará um cargo delicado - ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos - no governo Bolsonaro, que ao longo de sua carreira política se destacou por declarações racistas, misóginas e homofóbicas. 

Sua nomeação retribui de certa forma o apoio recebido pelas igrejas neopentecostais ao capitão durante a campanha eleitoral. 

Apesar de suas posições ultraconservadoras, Alves surpreendeu em suas primeiras declarações, ao expressar o desejo de trabalhar em harmonia com a comunidade LGBT. 

Será encarregada também das questões indígenas, depois que Bolsonaro decidiu tirar a Fundação Nacional do Índio (Funai) do âmbito do ministério da Justiça para subordiná-la ao dos direitos humanos.



Via: Diário de Pernambuco

Por: Simone Novaes

Simone Novaes

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