sábado, 23 de dezembro de 2017

Stefan Ketter: Educação como plataforma de desenvolvimento social


Stefan Ketter é presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para a América Latina


Educação é mais do que um projeto de governo. É um projeto do país, de sociedade, de civilização. É uma prioridade que deve envolver ativamente as empresas, seja por seu compromisso com o progresso da comunidade, seja por sua demanda de profissionais educados e capacitados.

A educação é o principal pilar de uma nação moderna. É de uma sociedade educada que derivam as virtudes coletivas que buscamos: o respeito a si mesmo, ao outro e ao meio ambiente; a valorização da democracia e a capacidade de solucionar conflitos pacificamente; o pleno exercício da cidadania em todas as suas dimensões e a capacidade de inovar em todos os campos de atividades. Um país sem educação está condenado ao atraso tecnológico e econômico. Um país sem educação pública universal de qualidade está condenado a reproduzir as injustiças e desigualdades sociais, pois nega às novas gerações a igualdade de oportunidades.

Acreditamos verdadeiramente nisto e, por esta razão, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) fez da educação o centro de sua plataforma de atuação social nos próximos anos. O raciocínio é simples: instalamos o Polo Automotivo Jeep em Pernambuco em uma área ocupada por canaviais a perder de vista, cultivados desde o período colonial. Ao decidirmos instalar ali a mais moderna fábrica do grupo no mundo, apostamos que seria possível capacitar pessoas e desenvolver talentos a partir de investimentos concentrados em educação.

Na construção da fábrica, estabelecemos parcerias estratégicas e ajudamos a preparar 11 mil pessoas que trabalharam nas obras. Com certeza este foi um dos maiores programas de capacitação profissional que o setor automotivo já fez no país.  Depois, continuamos a oferecer programas de educação e capacitação, conseguindo revelar e aprimorar mais talentos. Muitos dos que trabalharam nas obras foram absorvidos na operação da fábrica, comprovando que, ao gerar oportunidades, transformamos vidas.

Este é um trabalho incessante, pois desde o início de nossas operações desenvolvemos contínuos programas de educação com foco nos trabalhadores. Mas sentimos necessidade de ir além, de alcançar o círculo seguinte, que é formado pelos filhos dos trabalhadores e pela comunidade na qual estamos inseridos. Por isto, estruturamos em seis municípios de Pernambuco e da Paraíba um programa que denominamos Rota do Saber, dedicado ao fortalecimento da escola pública, sobretudo, do ensino fundamental.

O objetivo do programa, que já impacta 30 mil estudantes, é contribuir para melhorar o cenário da educação pública brasileira. O ponto de partida é a constatação de que, apesar de 94% das crianças e adolescentes, de 4 a 17 anos, estarem na escola, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2015, os índices de qualidade do ensino não são bons. Os jovens não estão aprendendo como deveriam e muitos concluem o ensino médio com formação deficiente. É isso que buscamos melhorar.

Tomamos como base o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que expressa em valores os resultados de aprendizagem e a taxa de aprovação dos alunos das escolas públicas. O Ideb de 2015 demonstra que os anos iniciais (1º ao 5º ano) alcançaram a média de 5,5. Já os anos finais, do 6º ao 9º ano, registraram 4,5. Ou seja, a evolução em qualidade está abaixo do esperado e o problema se agrava à medida que o estudante avança na vida escolar. A meta do Brasil é alcançar a média 6 no Ideb até 2021, índice dos países desenvolvidos. E é este indicador que deve mobilizar a sociedade brasileira. Entretanto, não estamos evoluindo como o esperado e estamos mal posicionados nos rankings internacionais de educação. Isto justifica o esforço para implementar novas iniciativas com o objetivo de qualificar o ensino público brasileiro.

A qualificação dos professores está no centro de qualquer esforço de melhoria do ensino. A metodologia do Rota do Saber foi desenvolvida com a expertise da ONG Instituto Qualidade no Ensino (IQE).

O foco da metodologia é no professor e gestores pedagógicos. As secretarias de educação definem os professores concursados que serão treinados. A cidade entra com a infraestrutura e disponibilização dos professores para se dedicarem ao programa em tempo integral por três anos. A dedicação dos educadores é fundamental para o programa. Os professores formadores têm feito um grande trabalho ao replicar o que foi aprendido. E ajudam na evolução e modernização dos processos. A adesão de todos tem sido positiva.
Uma vez implantado, o programa tem prazo para terminar porque não queremos criar dependência. Queremos ajudar a criar políticas públicas para o futuro. E esse é um dos objetivos destas parcerias, já que ao fim do período as prefeituras terão condições de torná-las políticas que beneficiarão também muitos estudantes nos próximos anos.
O projeto começou em Igarassu em 2015. No fim deste ano letivo terminará a parceria com a prefeitura da cidade. As avaliações semestrais mostram que o caminho tem sido exitoso. E agora esperamos reflexos positivos no Ideb.

Uma conquista de alunos, professores e das famílias, pois sabemos que os pais são fundamentais no processo de educação. E queremos que eles se engajem no papel de coeducadores dos filhos. Educação é uma construção de todos e é nisso que acreditamos. Acordos de livre comércio, promoção de tecnologias inovadoras e valorização da matriz energética limpa, com estímulo à propulsão baseada no etanol eficiente, em elétricos e híbridos.

Esta agenda é fundamental para que a indústria automotiva brasileira se alinhe, sobretudo em termos de eficiência energética e segurança veicular, com os parâmetros dos principais mercados do mundo. Significa tornar os veículos brasileiros competitivos e homologáveis nos principais mercados, dotando o Brasil da possibilidade de consolidar-se como uma plataforma eficiente de exportação. Este movimento é estratégico para montadoras e fabricantes de autopeças, cuja capacidade instalada de produção é muito superior aos níveis atuais de demanda do mercado interno. A possibilidade de acessar grandes mercados no exterior pode elevar a produção nacional a um patamar que a torne mais competitiva.

Além disto, a adoção de uma política orientadora de investimentos em busca de maior eficiência energética é coerente com o compromisso internacional que o Brasil assumiu de   reduzir suas emissões de CO2. Nossos estudos mostram que a intensificação do emprego do etanol – incluindo o etanol de segunda geração – pode reduzir o nível de emissões do veículo nacional a padrões tão baixos como os previstos nas rígidas legislações europeia e norte-americana. 

O Rota 2030, em função de seus reflexos e desdobramentos, tem potencial para ser mais do que um regime automotivo. Tem envergadura para ser uma verdadeira política industrial que estimule a reindustrialização do Brasil em bases mais eficientes e competitivas do que jamais foi alcançado.
via: Diário de Pernambuco





Por: Simone Novaes

Simone Novaes

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